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Foto do escritorInstituto Mpumalanga

Ancorados na cidade, indígenas fazem valer seus direitos

Depois de uma longa viagem pela famosa rodovia Transamazônica, a BR-230, a equipe da Caravana do Esporte e da Caravana das Artes chegou a Lábrea, na noite do último sábado. O município do sul do Amazonas irá receber a sexta etapa do projeto em 2015.

Antes de nossa equipe partir para nova expedição, desta vez pelo Rio Purus, aproveitamos para visitar os arredores do município, marcado pela forte presença indígena.


Barcos estavam ancorados em Lábrea, onde os indígenas buscam suporte para serviços que não chegam a suas aldeias. (Foto: Reportagem Caravana das Artes)

Barcos estavam ancorados em Lábrea, onde os indígenas buscam suporte para serviços que não chegam a suas aldeias. (Foto: Reportagem Caravana das Artes)


Ancorados no rio estavam dois barcos. Eles abrigavam representantes da Terra Indígena Deni, cuja localização está entre os rios Juruá e Purus. A passagem de povos indígenas mais distantes por Lábrea é frequente, e necessária, uma vez que é a oportunidade para que eles exijam alguns de seus direitos constitucionais de cidadãos.

Eles aproveitam para recolher a aposentadoria como trabalhadores rurais ou os benefícios de programas sociais do governo federal, como o Bolsa Família ou o auxílio maternidade. A passagem pelo município pode durar até quinze dias, período em que eles também costumam ir ao hospital ou utilizar outros serviços públicos inexistentes em suas aldeias.

Os indígenas, no entanto, permanecem apreensivos quando vão a Lábrea, pois temem problemas de comunicação. Apenas alguns representantes falam o português e, apesar de reconhecer a importância de se comunicar nos centros urbanos, isso é motivo de orgulho para os Deni, pois eles querem preservar sua identidade e cultura.

“Lá todos falam nossa língua, as crianças, os jovens e os adultos. Temos muito orgulho disso, mas sabemos da importância de falar português. De quatro em quatro meses, a gente precisa vir à cidade e existe uma necessidade muito grande de dialogar. O português é a ferramenta para que a gente não seja enganado”, reforça o cacique Moreci.


Indígenas passam cerca de 15 dias no município e temem problemas de comunicação. (Foto: Reportagem Caravana das Artes)

Indígenas passam cerca de 15 dias no município e temem problemas de comunicação. (Foto: Reportagem Caravana das Artes)


A afirmação da identidade indígena é de suma importância para a manutenção dessa cultura. A Funai (Fundação Nacional do Índio) e outros movimentos indígenas trabalham para a autonomia e protagonismo desses povos, embora são notórios os problemas com os serviços de responsabilidade do município, como o atendimento a saúde e o acesso a educação para os representantes dessas comunidades.

 

Vozes do Purus

O Projeto Vozes do Purus abraça as manifestações e tradições culturais dos povos indígenas como parte da Caravana das Artes –  movimento que acredita no poder mobilizador da arte, na possibilidade de aprender e construir juntos, na valorização da cultura, na promoção dos ideais democráticos e da paz. A Caravana das Artes é um projeto itinerante que percorre todos os anos 10 municípios com baixos índices de desenvolvimento humano (IDH) e infantil (IDI), promovendo atividades artísticas entre crianças e jovens, além de capacitação de professores da rede pública. Uma metodologia que transforma a realidade de crianças e jovens em espaço e conteúdo para o aprendizado e, principalmente, valoriza o papel do professor como ator social com grande influência na comunidade.

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