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Foto do escritorInstituto Mpumalanga

Lumineiro, a washboard, o palhaço e a Caravana das Artes


“Tem buzina, campainha, uma caneca, panelinha, uma lata de manteiga, um prato e um bloquinho de madeira”, descreve Lumineiro, artista multifacetado e tocador de washboard. Ele gosta de definir esse peculiar instrumento em uma ‘junção de cacarecos muito loucos’. De fato, muito louco! A washboard e seu simpático instrumentista Lumineiro são presença garantida na próxima Caravana das Artes, em São Sebastião, a partir do próximo dia 20 de junho.

A washboard apesar de pouco conhecido carrega muita história. “A origem dela é uma tábua de lavar roupa que os escravos norte-americanos usavam porque não tinham tambores”, contextualizou Lumineiro. O instrumento nascido nos Estados Unidos a partir de um grupo afro-americano surgiu da necessidade de improvisação, do aproveitamento de objetos do dia a dia para produzir arte. A ideia vai ao encontro das metodologias da Caravana das Artes e também encantou os Mustache & Os Apaches, banda que Lumineiro faz parte desde 2011.

Os ‘cacarecos muito loucos’ se encaixaram perfeitamente no estilo que o grupo queria tocar, cuja a influência é do jazz norte-americano. “Foi uma coisa super carismática, um amigo meu, um artista incrível, o Mauro Bruzza foi quem fez. A melhor tábua que eu já toquei na vida”, exclama.

Tanto o surgimento da banda, como a inspiração de Lumineiro são consequências de um ambiente artístico efervescente de uma casa em São Paulo. Ele morava com outros artistas e vivia intensamente a arte. “Eu vim morar em São Paulo em 2008, trabalhar com espetáculo de circo, encontrei amigos de Porto Alegre e a gente dividiu uma casa, tinha um ambiente minha artístico, livre, com teatro, o piano ficava na cozinha, a sala era uma galeria de arte, recebia visitantes”, contou.

Todavia, a vida de artista começou muito antes da capital paulista e da banda Mustache & Os Apaches.


Lumineiro e sua inseparável washboard.

Lumineiro e sua inseparável washboard. (Foto: Reprodução)


O encontro com o palhaço que mudou o dia

Aos 17 anos, a dor da separação de uma namorada parecia a pior das dores a um jovem morador de Belo Horizonte.  Nada aliviada aquele afastamento com a primeira namorada. Lumineiro estava triste. E o que lhe fez esquecer a tristeza foi um palhaço malabarista e sua arte.

A fim de se distrair, o jovem mineiro saiu às ruas. O que era para ser uma simples caminhada se transformou em um novo caminho para a vida quando ele se deparou com um palhaço exibindo talento equilibrista com um trio de bolinhas. Depois de algum tempo de olhos vidrados, Lumineiro se deu conta que fora a primeira vez que não pensava na separação. Um alento! Ele continuou olhado o palhaço trabalhar até que três horas depois voltou para casa. “Comecei a jogar as bolinhas para cima. De tanto ver, eu entendi a técnica e fui aprimorando”.

Virou palhaço.

Após despertar o próprio palhaço, Lumineiro se enveredou para as artes. Morou em Porto Alegre, onde viveu a experiência de um artista mambembe e conheceu os amigos desse universo. Em São Paulo continuou o rumo das artes com sua companheira washboard e nas ruas da capital o apresentou para os primeiros aplausos.


De tanto ver o palhaço, Lumineiro desenvolveu talento equilibrista. (Divulgação)

De tanto ver o palhaço, Lumineiro desenvolveu talento equilibrista. (Divulgação)


 Tudo se encaixa na Caravana

Lumineiro cresceu no ambiente artístico e ganhou o JR Malabarismo em 2008 pelo espetáculo ‘Tudo se encaixa’, criado por ele. A apresentação foi repetida em diversas cidades junto com a Caravana das Artes. No projeto, ele atuou como professor nos anos de 2010 e 2011. O encantamento em a ação em Cruz das Almas, a primeira do artista, permanece nos dias de hoje.

“Eu estou morrendo de saudade dessa família Caravana. Eu praticamente me convidei, me identifico muito com o projeto. Vai ao encontro do fundamento da coisa toda, do direito do acesso a cultura, ao conhecimento, ao esporte, direitos básicos que as vezes não são respeitados”, enalteceu.

O artista mineiro já faz planos para o reencontro com a Caravana das Artes. “A ideia é de que a gente não precisa esperar um instrumento tradicional chegar na nossa mão, o mais importante é entender a linguagem da música, a partir da qual se pode usar em qualquer instrumento musical. Vou levar a minha washboard e deixar as crianças experimentarem”.

A música não precisa de instrumentos tradicionais quando se têm criatividade e método. “Um cabo de vassoura com várias latinhas, você organiza e isso ganha musicalidade”, exemplificou.


Espetáculo tudo se encaixa foi premiado e passou pela Caravana das Artes.

Espetáculo tudo se encaixa foi premiado e passou pela Caravana das Artes.


Caravana das Artes Dias 20, 21 e 22 de junho. Bairro da Topolândia, São Sebastião Clique para saber mais.

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