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Foto do escritorInstituto Mpumalanga

Maio na Perspectiva Negra: Diálogos transversais – em casa

Com mediação da cantora Luciana Oliveira, professora do Instituto Mpumalanga, e participação de Regimeire Maciel, coordenadora do Núcleo de Estudos Africanos e Afro-brasileiros da Universidade Federal do ABC, e de Erik Moraes, advogado e presidente da Comissão da Verdade da Escravidão Negra no Brasil, da OAB do Maranhão, o Instituto Mpumalanga promove nesta segunda-feira, 25 de maio,uma roda de conversa online , pelo facebook, às 20h, sobre a busca de ressignificação do 13 de Maio para a população negra brasileira.

Será um diálogo entre o campo do direito, da antropologia e da arte, importante para o entendimento das novas agendas que norteiam a busca pela igualdade racial no Brasil e a perspectiva negra em torno do 13 de maio. Em que pontos avançamos? Como o racismo se coloca nos dias de hoje e quais movimentos e leis seriam necessárias para minimizar os impactos da desigualdade? Quais os avanços e os maiores desafios que as populações negras enfrentam na atualidade?

O tema foi debatido no ano passado em uma roda de conversa presencial na Casa Brasileira, em São Sebastião, sede do Instituto. Neste maio /2020, em meio à quarentena, a Casa Brasileira está fechada ao público e propõe uma “live” com objetivo de tramar reflexões sobre a construção histórica e política que permeia o “13 de Maio” e buscar uma narrativa que recoloque a perspectiva negra.

Um debate online ao vivo, na sua casa, num momento em que a pandemia ameaça fortemente os mais pobres, que são, no Brasil, em sua maioria, negros ou afrodescendentes.

Narrativa oficial x protagonismo negro

No dia 13 de maio de 1888 colocava-se fim à escravidão no Brasil. Essa data foi resultado de uma longa jornada de luta da população negra contra o sistema escravocrata brasileiro.

No entanto, o fim da escravidão não foi acompanhado por políticas que reorganizassem a vida de negros e negras na nova ordem social que despontava. Ao contrário, houve um movimento em manter a antiga estrutura de privilegio, garantindo a sua manutenção. Desde então, a população negra vem se organizando em coletivos e movimentos sociais em defesa de seus direitos.

O Brasil foi o último país da América a acabar com a escravidão. Ao longo de mais de três séculos, o país foi o maior destino de tráfico de africanos no mundo: quase cinco milhões de pessoas. A “festa do 13 de Maio” lavou as mãos dos proprietários e dos industriais emergentes, apressados em contratar trabalhadores brancos. No pós-abolição, muito do sustento das famílias negras vinha das mulheres que vendiam quitutes nas ruas. Aos homens negros restavam a estiva e outros trabalhos braçais, rejeitados pelos imigrantes europeus recém chegados. A reforma agrária nunca esteve na pauta da maioria dos abolicionistas e a inserção da população negra, ex- escravizada, não aconteceu. Uma situação que se reflete até hoje na realidade da maioria da população negra ou afrodescendente no Brasil.

Ainda que muitas pautas tenham sido conquistadas, hoje mais de 50% da população brasileira vive às margens de um sistema que mantém na sua estrutura a exclusão e a desigualdade. No mapa da violência, um jovem negro tem 70% mais chances de ser assassinado do que um jovem branco. As diferenças salariais entre brancos e negros está em torno de 45%. A violência doméstica também atinge em maior número mulheres negras.

Assim, além de buscar transformar essa realidade apontada por estatísticas, procura-se mudanças simbólicas, sobretudo, no que diz respeito a própria história “oficial”. Para a história oficial, o 13 de maio surge como um dia para se comemorar, pois a princesa Isabel havia decretado, por meio de uma lei, o fim da escravidão. Versão da história que oculta a participação decisiva dos negros nesse desfecho. Igualmente, esconde o famoso “the day after” (o dia seguinte) em que a população negra foi sujeitada.

Convidados:

Apresentação: Luciana Oliveira Cantora e compositora com três álbuns lançados. Arte educadora e professora do Instituto Mpumalanga, graduada em Educação Artística pela Universidade Brasília e Mestranda em Voz no programa de Fonoaudiologia pela PUC-SP.

Regimeire Maciel Professora e coordenadora do Núcleo de Estudos Africanos e Afro-brasileiros da Universidade Federal do ABC.


Erik Moraes Advogado, primeiro presidente da Comissão da Verdade da Escravidão Negra no Brasil, da OAB-MA. Ativista do Movimento Negro e dos Direitos Humanos.

Serviço: EVENTO LIVE – Maio na perspectiva negra : Diálogos transversais – em casa Local: Facebook do Instituto Mpumalanga https://www.facebook.com/institutompumalanga DATA: 25/05/2020 HORÁRIO: 20h

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