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Foto do escritorInstituto Mpumalanga

No Médio Purus, Dona Davina luta por educação e cultura

Dona Davina Almeida de Souza Paumari é brasileira e indígena. O “dona” é pronome de tratamento tão pertencente à Davina, que virou nome próprio entre os conhecidos. Almeida de Souza é um pouquinho de sua brasilidade e Paumari sobrenome e nome de seu povo. Ela é essa soma, cujo quociente é feito de mulher obstinada.

A perseverança de Dona Davina é com a educação.  Ela mora em uma velha casa de madeira, ao lado do Casarão, um espaço comunitário da aldeia que abrigava a antiga escola. Ela via de perto as condições precárias a que as crianças de sua comunidade estavam submetidas. Não havia limpeza adequada e os pequenos indígenas colocavam à prova a saúde.

Foi então que Dona Davina resolveu juntar os moradores para exigir melhores condições aos órgãos responsáveis. Conseguiu, mas o que era para ser satisfação rapidamente se transformou em decepção. A escola foi restruturada e ganhou uma nova sede. Entretanto, os professores nativos foram substituídos por não indígenas.


Na aldeia Crispin, no Médio Purus, casa de Dona Dalvina é lugar de resistência pela cultura indígena (Foto: Celia Santos)

Na aldeia Crispin, no Médio Purus, casa de Dona Dalvina é lugar de resistência pela cultura indígena (Foto: Celia Santos)


A chegada dos novos professores representou uma preocupação de cunho cultural, pois ameaçava as tradições do povo paumari, sobretudo a língua, uma vez que as crianças seriam alfabetizadas somente em português.

Entenda:

Ao lado do marido e cacique Zé Roberto, Dona Dalvina dedicou sete anos na luta pelo retorno do ensino com professores nativos. Não obteve o resultado que gostaria, porém a solução estava mais perto do que imaginara, na velha casa de madeira. Empreendeu.

O piso range aos primeiros passos. Na parede oposta, uma estante, também de madeira, tem alguns fracos de líquido indecifrável, ursinhos de pelúcia e papeis abandonados. A lousa é grande e ocupa quase toda a extensão da parede perpendicular a estante. Desenhos estão pendurados no teto e um acortinado de arte, rabiscos de infância. Pesadas cadeiras com apoio para os livros espalhadas pelos cantos. Esse é o lar-escola de Dona Davina. Ela abriu as portas de sua casa para manter viva a cultura paumari.

Ela ensina a língua nativa aos pequenos indígenas, apesar de não ter a estrutura que gostaria. “É difícil ter uma escola dentro de casa, pois não temos equipamentos adequados. Porém a conservação da nossa cultura é muito importante para o nosso bem-estar e desenvolvimento”, afirmou Dona Davina.


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Sentados em roda, os pequenos paumari exibiram seus materiais e brincaram com a antropóloga Mirella Poccia, que acompanhou a expedição da Caravana do Esporte e da Caravana das Artes pelo Rio Purus. Em nossa passagem, foi possível perceber o tamanho da importância do trabalho realizado por Dona Davina. Agora, ela e o marido participam das atividades de formação de professores do projeto em Lábrea.

Nosso projeto viajou durante uma semana pelo Rio Purus com o objetivo de conhecer a cultura indígena e disseminar as metodologias de esporte e arte educacionais, desenvolvidas pelo Instituto Esporte Educação e pelo Instituto Mpumalanga, em comunidades distantes.

 

Vozes do Purus

O Projeto Vozes do Purus abraça as manifestações e tradições culturais dos povos indígenas como parte da Caravana das Artes –  movimento que acredita no poder mobilizador da arte, na possibilidade de aprender e construir juntos, na valorização da cultura, na promoção dos ideais democráticos e da paz. A Caravana das Artes é um projeto itinerante que percorre todos os anos 10 municípios com baixos índices de desenvolvimento humano (IDH) e infantil (IDI), promovendo atividades artísticas entre crianças e jovens, além de capacitação de professores da rede pública. Uma metodologia que transforma a realidade de crianças e jovens em espaço e conteúdo para o aprendizado e, principalmente, valoriza o papel do professor como ator social com grande influência na comunidade.

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