J. Cunha, um dos mais importantes nomes das artes visuais, realiza, a partir de 19 de novembro/2019, na Casa Brasileira, em São Sebastião, a exposição “Caminhos por Onde Andei”, que percorre diferentes momentos e linguagens da obra do artista.
A exposição traz telas que retratam a Caatinga colorida, oratórios pintados em materiais inusitados, que compõem referências aos elementos da cultura e da espiritualidade afro-baiana, e ainda a relação com o mar, por meio de barcos e outros objetos que retratam a piracema.
Em um universo povoado de cores, o artista transita por diferentes territórios: o indígena, o africano, o modernismo baiano, o sertão e o tropicalismo.
Artista plástico, designer gráfico, cenógrafo e figurinista, J. Cunha nasceu em Salvador, em 1948, e iniciou seus estudos de artes aos dezoito anos no curso livre da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia. Em 1962, ingressou no grupo cultural Viva Bahia, criado pela etnomusicóloga Emília Biancardi, onde atuava como cenógrafo, figurinista e bailarino. O Viva Bahia realizava experimentações estéticas voltadas pa ra a cultura afro-baiana e tinha como base a capoeira, o candomblé, o cordel e as manifestações populares rurais e urbanas, o que influenciou a produção de Cunha.
O trabalho de J. Cunha caracteriza-se pelo mergulho no imaginário das culturas afro, indígena e popular nordestina brasileira, transformado em um universo próprio, mítico e mágico, simbólico e intuitivo. É autor de inúmeras marcas e logotipos, ilustrações para livros e capas de discos, estamparias, ambientações de show e de eventos culturais. Assinou cenários e figurinos do Balé Brasileiro da Bahia e seu nome foi definitivamente vinculado ao carnaval baiano por haver criado e assinado a concepção visual e estética do bloco afro Ylê-Ayê durante 25 anos, além de decorações temáticas para o carnaval de rua de Salvador.
O historiador Roberto Conduru, da Universidade Federal Fluminense, comenta a abundância de signos, cores e luminosidade nas obras do artista baiano e garante que Cunha amplia a noção de arte popular. “Ao desdobrar a pintura em objetos de tipos diversos e com várias finalidades, ele ultrapassou divisas, borrou as fronteiras entre os domínios de atuação”, afirma Conduru.
J. Cunha participou de importantes bienais de artes plásticas e de exposições individuais e coletivas, entre elas o evento “The Refugee Project”, no Museu de Arte Africana de Nova York, em 1997, e “Exposição de Arte Contemporânea: As Portas do Mundo” na Europa e na África em 2006. Da Bienal Internacional de “Design de Saint Étienne” – França e também da exposição “Design Brasileiro – Fronteiras 2009” no Museu de Arte Moderna de São Paulo-Brasil. Em sua trajetória internacional participa de exposições de arte negra em Los Angeles e Oakland, nos Estados Unidos.
Além do vernissage da exposição, na terça ( 19/11) , J. Cunha fará uma roda de conversa com estudantes e um mini workshop na quinta (21/11),em dois horários.
Commentaires