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De olho na identidade, Clécia Queiroz segue com a Caravana em Laranjeiras


Clécia volta a Caravana das Artes e se junta aos professores do Instituto Mpumalanga na busca por identidade. (Foto: Celia Santos)

Clécia volta a Caravana das Artes e se junta aos professores do Instituto Mpumalanga na busca por identidade. (Foto: Celia Santos)


Laranjeiras, próximo destino da Caravana das Artes tem características especialmente interessantes para Clécia Queiroz, cantora baiana e pesquisadora de manifestações populares. É na cidade sergipana, com pouco mais de 30 mil habitantes, que estão 26 manifestações culturais e uma história rica preservada em uma arquitetura colonial.

Clécia Queiroz já esteve ao lado do projeto em Porto da Folha, também no Sergipe. Através das artes, ela espera trabalhar a questão de identidade, tão  presente no estado. “Laranjeiras tem uma gama de manifestações populares muito fortes ligadas ao negro, ao samba de pareia, muito próximo do que acontece na Bahia, que recebeu uma grande leva de escravos durante três séculos por causa da cana de açúcar e do fumo. São manifestações populares ligadas a negritude, principalmente ao grupo-étnico bantu”, explicou.

A história presente na cidade sergipana não se difere muito de lugares na Bahia, cujo processo de colonização foi semelhante. Há, no entanto, uma grande distância quando se trabalhar a identidade cultural. “A Bahia assumiu isso. Em Sergipe, eles não se identificam, desconhecem. Tem um festival de cultura que vem gente do mundo todo e os próprios sergipanos não estão lá. Eles desconhecem a própria cultura! Eu vejo isso pelos meus alunos. Quando a gente apresenta, eles se interessam, gostam muito, começam a pesquisar. O problema de identidade é a falta de conhecimento. A gente é muito negro e infelizmente não se valoriza”, detalhou Clécia.

A cantora fala com propriedade sobre identidade, pois ela mesma passou por um processo de reconhecimento de sua ancestralidade quando jovem. A diferença patente com relação aos colegas de escola despertou a vontade de conhecer melhor a cultura afro-brasileira e também se aproximar dela por meio da arte.

Laranjeiras também tem essa história. O que eu sinto falta em Sergipe. Que isso não é uma coisa muito clara. “A arte é minha salvadora”, reitera. “Eu sou filha de um advogado de Ilheus, na Bahia, muito bem sucedido, então estudei nos melhores colégios. E eu era a única negra. Isso era ruim para mim, embora não me distratassem –não havia uma discriminação explicita – mas você sente uma coisa velada”, contou.


A cantora é parceiras das artes na educação. (Foto Celia Santos)

A cantora é parceiras das artes na educação. (Foto Celia Santos)


A arte começou a ampliar seus horizontes com a literatura, de onde ela partiu para o teatro, para a música e para a dança. “Um dia eu encontrei um livro de teatro e me interessei”, destacou.

Clécia afirma que a arte possibilitou que ela perdesse a timidez da infância e passasse a ter mais voz. Hoje ela canta para uma platéia lotada, dá aulas para mais de 500 pessoas e traz a tona movimentos culturais, como o samba de roda, gênero que ela é especialista no tradições do recôncavo baiano e suas derivações Brasil a fora.

“Samba de roda é uma guarda chuva que abriga diversas formas de se fazer e de se tocar o samba, essa é a base do samba nacional. O do Recôncavo, tocado com viola, tem uma série de rituais, engloba várias dimensões, com dança, música, figurino, valores, ética, solidariedade. Um ritual!”, exaltou a cantora.

Clécia Queiroz irá apresentar a história e importância do Samba de Roda na Mostra Saberes da Terra, um encontro de cultura e regionalismo promovido pela Caravana durante a ação dos projetos. A Caravana em Laranjeiras tem abertura no próximo dia 10 de julho. A ação segue pelos dias 11, 12 e 13, Sesi de Laranjeiras, Rodovia Senador Valter Franco, 602.

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