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Foto do escritorInstituto Mpumalanga

Da Caravana das Artes, Luciana Oliveira lança novo álbum


Alguns cadernos de criança adornados com poesias já mostravam o gosto de Luciana Oliveira pelas artes na infância. A música presente nas relações familiares encorajava a brasiliense a conhecer mais desse universo encantador. Prestes a lançar oficialmente o novo álbum, – A Deusa do Rio Níger – a cantora relembra o início da carreira e a nova proximidade com a infância, através da Caravana das Artes.

“A minha família é bastante musical, eu tenho primos na música. Mas foi na escola que formei minha primeira banda, ainda adolescente”, conta Luciana. A primeira banda é um marco para a cantora, não apenas por ser o início, mas também por enfrentar a timidez e encontrar na voz reverberante uma forma eficaz de dizer o que pensa e de entender as próprias individualidades.

“Foi no ano 2000 que eu resolvi seguir carreira solo e caminhei muito pelo cântico negro, esse universo já estava ali, da música afro”, afirmou. O álbum Deusa do Rio Níger traz muito engajamento a começar pelo nome, uma canção de Elza Soares, grande referência com quem Luciana já dividiu o palco. A música foi regravada e está na nova coletânea. A cantora também destaca “Neide Candolina”, de Caetano Veloso, cuja palavra “preta” é sempre acompanhada de um adjetivo positivo.

A música que compõe as lembranças das reuniões de família na infância fora preservada com a nova geração. Mãe de dois filhos – Flora (19) e Benjamin (5) – Luciana não abdicou da íntima relação com a música em casa. “Eles vivem isso também dentro da família e em casa, a música em casa é muito presente. A minha filha estudava o meu repertório comigo, sempre considerei que isso faz parte da nossa vida. Eles sempre me acompanham em shows e ensaios”, contou.


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Ator Josafá Filho, também da Caravana das Artes, estará no show de lançamento do álbum. |Foto: Celia Santos


“Esses momentos de família sempre parecem uma celebração. Todos cantam juntos, esse clima de celebração é uma coisa que eu levo, um prazer, uma realização”, completou. A música inevitavelmente fez parte da educação de Luciana, entretanto, a relação com a arte do ponto de vista educacional floresceu com a Caravana das Artes. A partir da entrada do projeto, em 2016, ela se reencontrou com a infância, com a importância da identidade e com as diversidades do Brasil.

“Mudou meu mundo, tanto pelos traços das crianças de cada região, de cada lugar, ver na prática essa transformação que a música consegue fazer, o conteúdo dos professores, enxergar a música: o lado do fazer, da reflexão, entender o quanto ela tem de transformação”, enumerou a cantora e professora.

Na Caravana das Artes, Luciana Oliveira integra o time de professores do Instituto Mpumalanga, que trabalha uma metodologia de modo valorizar o saber artístico enquanto elemento educacional. A arte fortalece a educação, uma vez que respeita as características de cada criança, valoriza o movimento no processo de aprendizagem e permite a inclusão de todos.

Todo esse envolvimento com o universo da educação pelas artes também transformaram a visão da artista. “O lado artístico amplia o olhar, você sente que está além. Ensinar, trabalhar a educação mais próxima, é enriquecedor e me deixou mais sensível, como mãe, nesse universo de particularidades de cada criança, como propor e entender o tempo da criança. Abriu completamente o meu lado sensível”, afirmou Luciana pausadamente, procurando palavras para traduzirem um sentimento complexo.


Segundo Luciana, a participação na Caravana das Artes a engradece no contexto profissional e pessoal. | Foto: Celia Santos

Segundo Luciana, a participação na Caravana das Artes a engradece no contexto profissional e pessoal. | Foto: Celia Santos


O engajamento com a Caravana das Artes não a afastou dos palcos. A relação é de mutualismo, um age em benefício do outro. A cantora traz inspirações do trabalho com as crianças para sua música, e o inverso é válido.

O sentimento de estar no palco, no entanto, é diferente. “O palco acaba te revelando, traz toda sua história, exposta, o que eu sou, como eu vejo o mundo, trago todo o conteúdo que aprendi, meu olhar de mundo amplifica. Sensação de catarse, entrega completa, você se coloca inteiro”, reflete Luciana.

A presença no palco também é prova de sua própria transformação pelas artes, pois encarar tamanha exposição só foi possível vencendo a timidez. A arte fora o que abriu caminho para a luta pelas questões sociais.

“A arte veio primeiro. Eu era uma criança tímida, mais fechadinha, encontrei na arte uma forma de me expressar. A questão do engajamento veio um pouco depois, foi surpreendente por eu ser tímida, mas encontrei minha voz. Fui entendendo a questão do negro, o impacto que isso teve na minha vida, trabalhar a autoestima, gostava da música e toda a cultura negra”, relata a cantora.

Na próxima quinta-feira (2 de novembro), Luciana Oliveira lança oficialmente seu álbum Deusa do Rio Níger, no Itaú Cultural. A coletânea já está disponível na íntegra online.

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