Todos os anos, no mês de outubro, uma das mais importantes premiações do mundo, o Prêmio Nobel, reconhece e elege as melhores pesquisas nas áreas de química, física, literatura, economia e medicina. Em 2015, não foi diferente, porém uma das categorias surpreendeu e encheu de esperança as mais de 300 milhões de pessoas que sofrem com doenças parasitárias no Planeta, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), como é o caso da malária.
Pela primeira vez na história do Nobel de Medicina, o prêmio foi dado a cientistas que se dedicaram a estudar verminoses e malária, doenças conhecidas como negligenciadas por afetarem populações pobres. O reconhecimento é visto pela comunidade científica como um importante impacto para a saúde global e bem estar da população.
Dedicação de anos de pesquisa sobre a malária rendeu um Nobel e mais esperança para regiões pobres (Foto: SCMP PIctures/ Reprodução)
A chinesa Youyou Tu foi anunciada como principal vencedora do Nobel de Medicina por criar uma terapia contra a malária. O novo tratamento, que aproveita o extrato da planta artemísia, quando usado em terapias combinadas, reduz em mais de 20% a mortalidade da malária na população geral. Nas crianças, a redução representa 30%.
Segundo o Ministério da Saúde e a OMS, a malária mata mais de um milhão de pessoas por ano, especialmente no continente Africano e na América Latina. No Brasil, a incidência maior é na região amazônica, onde em 2014 foram registrados 143.910 casos e, em 2015, já se ultrapassou o número de cem mil pessoas infectadas pela doença, que é transmitida por meio da picada do mosquito Anopheles.
A pesquisadora Youyou Tu dividirá o prêmio equivalente a R$ 3,8 milhões com os cientistas Willian Campbell e Satoshi Omura. Ambos desenvolveram novas terapias contra infecções causadas por vermes, como a filariose e a oncocercose. As três doenças afetam mais de um bilhão de pessoas no mundo, e apesar de serem classificadas como enfermidades tropicais, já alcançaram o status de problema global.
O dinheiro da premiação provém de um fundo deixado pelo patrono Alfredo Nobel (1833-1896), um cientista sueco autodidata que passou a vida idealizando invenções e grandes projetos. Desde 1901, são distribuídos prêmios como forma de reconhecimento e também como ferramenta para auxiliar os pesquisadores a dar continuidade a suas atividades com independência.
No Brasil, moradores da região amazônica são os principais alvos da malária. Novas pesquisas devem diminuir casos fatais da doença. (Foto: Celia Santos)
A notícia do Nobel de Medicina 2015 deve influenciar também a indústria farmacêutica, que ao logo dos anos pouco investiu em doenças parasitárias. “São doenças que atingem populações carentes de recurso financeiro, localizadas em países considerados subdesenvolvidos. Há muita demanda e pouco dinheiro nesses lugares”, afirma o doutor Luis Fernando Correria, especialista em Terapia Intensiva, em entrevista para a rádio CBN.
O grande desafio começa com o movimento pela comunidade científica de pressionar e colocar em pauta políticas que assistam tanto a necessidade de elaboração de drogas lucrativas, quanto daquelas voltadas para os problemas epidemiológicos de regiões mais pobres.
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